O EMPODERAMENTO DA LIBERDADE: Além dos Rótulos

 

Empoderamento da Liberdade: Além dos Rótulos

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 da Organização das Nações Unidas (ONU) é empoderar todas as mulheres e meninas e alcançar a igualdade de gênero; mas nos discursos sobre empoderamento feminino, a narrativa dominante parece impor um modelo único de sucesso.

E nos discursos sobre empoderamento feminino, a narrativa dominante parece impor também um modelo único de sucesso! Então, serão eles, que estão manipulando como a mulher precisa ser, para ser sucesso?
Está na hora de questionarmos: empoderamento real é seguir um roteiro preestabelecido ou é ter a liberdade de ser quem se é, sem precisar se moldar às expectativas alheias?
O verdadeiro empoderamento está na autonomia de escolha, e não na imposição de um modelo único.

A que ocupa cargos de liderança, que se torna uma influenciadora de opinião, que se destaca nos altos escalões do mercado. A CEO. A top voice. A empreendedora implacável.

Mas e aquelas que não se encaixam nesse padrão? Está na hora de questionarmos: empoderamento real é seguir um roteiro preestabelecido ou é ter a liberdade de ser quem se é, sem precisar se moldar às expectativas alheias?

A pressão por performar um empoderamento "aceitável" cria novos rótulos, substituindo antigas prisões por novas jaulas douradas. 
Mas a mulher não precisa ser uma empresária de sucesso, uma ativista incansável ou uma imagem polida do que se convencionou chamar de "força feminina".

Ela pode ser quem quiser: a artista solitária, a mãe dedicada, a trabalhadora informal, a aventureira sem plano fixo. O verdadeiro empoderamento está na autonomia de escolha, não na imposição de um modelo único.

O feminismo não deve ser uma nova forma de opressão, mas um espaço de liberdade, onde cada mulher possa escrever sua própria história sem precisar se encaixar em um arquétipo predefinido. A liberdade de existir sem justificativas, sem padrões e sem exigências deve ser o verdadeiro centro do debate.
Portanto, chega de rótulos.

Empoderamento não é um título, um cargo ou um status social. É, acima de tudo, a possibilidade de ser autêntica. É o direito de dizer não ao que não faz sentido e sim ao que ressoa com a própria essência. O empoderamento real não precisa de palcos nem de hashtags. Ele se manifesta no silêncio de quem escolhe seu próprio caminho, na coragem de ser e viver sem pedir permissão.

Enquanto nos distraem com rótulos e imposições, mantém-se a lógica da dominação, dividindo-nos e enfraquecendo nossa capacidade de reflexão crítica. O verdadeiro empoderamento está na recusa em aceitar moldes impostos, na preservação de nossa liberdade cognitiva e na resistência contra narrativas que nos fazem lutar uns contra os outros enquanto a humanidade é formatada conforme interesses externos. Não basta apenas mudar a forma da opressão: é preciso quebrar as correntes invisíveis que nos cercam.

Minha trajetória reflete essa escolha pela liberdade.

Quando percebi que minha filha precisava de mim, soube que não podia deixá-la nas mãos de pessoas sem estrutura emocional e preparo.
Filhos são nossos maiores tesouros, e escolhi estar presente, mesmo que isso significasse abrir mão de uma carreira brilhante. Na época, não se falava em home office, e passamos por dificuldades juntas.
Mas valeu a pena.
Crescemos lado a lado, enquanto eu diminuía no mundo dos negócios para que ela pudesse florescer com plenitude.
Foram anos de aprendizado mútuo, cultivando valores perenes como pensamento crítico, amor, amizade, lealdade e liberdade.
Aprendemos a respeitar o planeta e todos os seres vivos, vivendo a vida como o presente que é.

Essa é a verdadeira força feminina: a coragem de decidir, de se reinventar e de construir um caminho sem precisar se encaixar em padrões preestabelecidos. Porque o maior poder que podemos ter é a liberdade de sermos nós mesmas, inteiras e autênticas.

A Essência que Sou

Nunca gostei de rótulos, e nunca conseguiram me rotular. Por mais que tentem, sou um rio que escapa entre os dedos, fluindo com autenticidade, sem margens fixas, sem roteiro a seguir.

Sei que sou um universo em expansão. Minha identidade não se ancora no estático, mas na consciência de que a cada dia sou um novo instante de mim.
Movo-me entre mundos e ideias como quem passeia por jardins secretos, explorando da geopolítica à neurociência, da sustentabilidade à tecnologia, da psicologia à filosofia, além das minúcias técnicas do meu ofício. Minha mente é inquieta, insaciável, e sempre ativa, fazendo associações de uma órbita para outra impulsionada por minha curiosidade, sempre traçando paralelos.

Essa mesma essência se traduz em tudo o que crio. Meus acessórios, a decoração da minha casa, minhas roupas e até meus sapatos — tudo nasce de minhas próprias mãos, porque minha identidade é meu centro gravitacional. Saber quem sou hoje e aceitar que amanhã serei outra me fortalece. Há um sabor indizível na liberdade de se recriar, na certeza de que cada nova versão de mim é uma descoberta, não uma perda.


A Fragrância da Alma

Desde que o perfume Samsara foi lançado, amei. Amei de uma maneira que transcende a escolha banal de um aroma; era como se minha alma se nutrisse dele, como se cada nota olfativa contivesse um sopro de força, um cântico secreto que me fazia lembrar quem sou. Por mais de 30 anos, ele foi minha assinatura invisível, um fio de Ariadne a me guiar de volta a mim mesma.

Então, veio a pandemia. O frasco se esvaziou, e com ele, algo em mim se dispersou. Fiquei sem Samsara por três anos. E, pouco a pouco, fui murchando sem perceber, como uma árvore que perde o viço sem que se note de imediato. Até que, há 60 dias, minha filha me presenteou com um novo frasco. No instante em que a fragrância tocou minha pele, foi como se minha alma voltasse para dentro de mim. Uma revelação. Um reencontro.

O Olfato e a Alma: a descoberta

No mês passado, celebramos Tu B’Shevat, o "Ano Novo das árvores", o momento em que a seiva começa a subir, despertando a vida adormecida no inverno.

Durante o seder, entre vinhos e frutos, preces de gratidão e bençãos para a agricultura do novo ano, para que as sementes plantadas prosperem, comemos e bebemos, mas, no último estágio, há um instante especial: aquele em que não comemos, mas sentimos o aroma, pois no mundo espiritual não há matéria — o olfato pertence à alma.
Foi o único dos cinco sentidos que não foi maculado no Éden, a única percepção que Adão e Eva não usaram antes da queda. Talvez por isso, o olfato tenha esse poder misterioso de nos religar ao que somos em nossa essência.
E assim, o destino brincou com o tempo, porque dias depois de minha alma voltar para mim através do perfume, descobri o real significado do olfato na espiritualidade. Um aprendizado e uma vivência que se entrelaçaram como peças de um mosaico cósmico.

Quer me presentear? Samsara. Sempre. rsrsrsr
Este texto foi um desabafo, encerrando este dia de Eclipse Solar.

Obrigada por ler, feliz por estar aqui. Fique a vontade para comentar!

Angela Camolese

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